quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O homem no espelho

Acendo um cigarro e consulto as horas no Pocket.Leio e respondo alguns emails tomando coca zero.Sempre gostei de coisas dietéticas; mais pelo aspartame, aquele gosto de remédio.Coisa fina.
O Rancho Rezende ta lotado e a porta do camarim isola todo o som externo dos locutores, fãs e jornalistas.Estou sozinho no reservado da banda repassando mentalmente o Show da Phoenix.Foi uma noite incrível que acabou de um jeito surreal.Depois que todos foram embora, ficamos eu, o Divino, os donos da boate e alguns caras da nossa equipe comemorando nem sei o que.
Litros de whisky espalhados pelo palco agora vazio e a gente ali sentados no chão cantando e tocando como bons boêmios.Nada de som ligado, nada amplificado.Só mesmo a alegria fácil dos de bem com a vida entoando musicas sertanejas, enchendo a cara de bebida sem a preocupação cronológica do alvará matrimonial vencido.Todos solteiros.E muito amados...os casados foram embora.Mais amados ainda.
Alguns números do show da Phoenix serão reprisados e vejo nisso uma oportunidade de fazer melhor.Toquei pouca guitarra nesse dia, fiz quase tudo nos violões.Agora mais seguro com a adaptação, posso melhorar.
A musica Dois ( Paulo Ricardo ) entrou definitivamente no repertorio e ela tem uma parte de violão no final do refrão que é um verdadeiro chute.O duro é que nem posso reclamar, pois fui eu que gravei aquilo no disco.No estúdio é fácil tocar com o ar condicionado bufando -18 na minha cabeça e eu fazendo varias tomadas até chegar na “boa”.No show não tem essa, não existe segunda chance, é matar ou matar.Mas quando eu erro dá vontade de furar um buraco no chão e sumir lá dentro.Fico o resto do show tentando me redimir.O que nem sempre consigo.Eu me culpo todo o tempo a ponto da noite terminar ali.
Errar é humano e ninguém fica a margem disso.Tem de ser muito babaca, medíocre e arrogante para não tolerar erros.E eu sou !

Mais um cigarro.Estou tenso.Nova mensagem de sms no computador de bolso.Ela diz que está a caminho....ela !

Abro a porta do camarim e vou pedindo passagem entre as pessoas.Tiro algumas fotos, assino um cd pra uma senhora simpaticíssima que diz gostar de minhas musicas e vou pra trás da carreta, no fundo do palco.Fico olhando a lua, pensando na minha vida, em tudo o que passei até aqui.Fumo mais um free antes de fazer o caminho de volta e as mesmas coisas de fotos e conversa pouca com um e outro.
Volto pro reservado da banda e peço pra atendente outra coca zero.Sou mesmo viciado em aspartame.

Descobri uma coisa legal nesse Word novo ( Office 2007 ).Cliquei sem querer no rodapé e minha tela ficou cheia, dividindo o texto por páginas como num livro.
Nossa !Vou converter o meu pra esse formato e continuar escrevendo aqui nesse Word.Bom que posso fazer backup online de minhas páginas.Tá uma estória tão bacana e semana passada eu apaguei sem querer 3 capítulos.Não quero que aconteça de novo, porque escrever uma vez é fácil, agora tentar recompor aquelas coisas da maneira original é impossível.Nunca vou saber se agora ficou melhor ou pior.Ainda bem.O beneficio da duvida ainda é um bálsamo.

Que frio ta fazendo aqui nesse lugar.O Rancho Rezende é um local fora da cidade de São Paulo, uns 20km de rodovia e voilá !Local amplo, gerência competente sempre promovendo eventos e atraindo um grande publico.É a terceira vez que tocamos aqui.A atendente me serve outra coca zero.Preciso tomar aspartame na veia.Abro a latinha que faz “fishhh”; tomo um gole e faço “bruróoow”.Peço desculpas.A atendente fica sem graça.Eu nem aí.Ela recolhe a outra latinha vazia e sai fechando a porta.Que logo abre.A careca de um segurança com um foninho aparece e pergunta “Toninho Mesquita” ?Eu respondo que sim.E ele “Tem uma moça chamando o senhor aqui fora, acho que é da televisão.Mando entrar “?

Olho meu rosto no espelho e me despeço do homem que já não sou mais.Estou pronto !

A careca falante de foninho pergunta de novo “Senhor, mando entrar “?

Respondo “...não.Essa eu vou buscar .”

O homem que já não sou mais me olha do espelho com espanto e admiração.Há muito não me vê tão feliz.
O homem que sou agora caminha confiante em direção a linda mulher que lhe sorri.

E começo a escrever as primeiras linhas de uma bela estória de amor.
Escrevo na pedra, para que dure por todos os tempos.


14 comentários:

Unknown disse...

Você é um poeta, um homem muito especial, sua vida é muito especial..
Desejo a você muita felicidade, poesia, enfim, todo esse sentimento que você coloca em suas canções !
Fica com Deus ! Bjs

Diário de bordo disse...

Sandra, muito obrigado por dar essa alegria.

Teu incentivo é o sentido do meu trabalho, minha maior recompensa.

Que Deus lhe pague por me dar esse momento feliz, lendo tuas palavras.

Sinceramente,

Toninho Mesquita

Unknown disse...

Oh Violeiro !!!!

Como sempre um texto muito bem escrito, realmente vc é um poeta, em cada linha dá vontade de ler mais e mais....Parabéns !!!
E por favor, não fique tanto tempo sem escrever nada, as pessoas que admiram vc sentem muita falta desse cantinho atualizado, pois, nos dá a impressão de estarmos mais perto de vc...
Admiro seu trabalho e vc sabe disso, SUCESSO pra vc SEMPREEEE !!!

Beijos no seu coração
Que pelo visto esta transbordando de felicidade !!!

Diário de bordo disse...

Flavinha, que doce !

Adorei cada uma de suas palavras.

Imensamente grato, tá ?

Vou escrever mais...depois desse "puxão de orelha" não posso deixar a peteca cair, né ??

obrigado pela consideração.


Toninho Mesquita

Anônimo disse...

Fiquei feliz de ver novamente algo postado, gosto muito do que escreve. Espero que continue escrevendo coisas maravilhosas. Você é uma pessoa muito especial e merece ser cada dia mais feliz.

Dany Caden disse...

Agora lendo com calma seu blog, tive um sonho de ser escritora, mas pelas palavras, percebi q vc tem mais dom ..do q muitos, nao basta saber escrever e ler, tem q ter sentimento até na hora de expressar, te dou meus meros parabens, lhe digo estou feliz pelo bom escritor e compositor q tu és..são lindas mesmas suas palavras, contextos, historias e ideias, a forma de escrever ....é empolgante, deixa ansiedade de saber onde vc foi, onde parou..aquele começo ...ou se teve um final feliz...um conto veridico..
nao precisa me agradecer so imagina q daqui em diante tem uma maninha q te ama......deseja mta sorte por ti..bom show..fq na paz e com Deus...

Dany Caden disse...

TM,

AQUELE DEPOIMENTO COLOQUEI PRA VOCE NUNCA ESQUECER DAS MINHAS PALAVRAS VIU MANINHO...

olha fico feliz, que esse dia do rancho rezende, eu tenho a mãozinha no meio, da qual voce encontrou essa felicidade e essa paixão, independente de você está assim tão apaixonado...Todo mundo sabe que tu és aquele homem cativante, inteligente, simples ....com as pessoas, até na hora de escrever, esse jeito é de deixar cada um de queixo caido, de alegrar dias tristes, clarear dias escuros, de fazer mta gente feliz.
hoje,
você deu a chance a uma pessoa, q no msm momento lhe fez feliz...com simples olhar. Mas o olhar também é como palavras,ambos combinam...espero ver onde foi parar essa linda historia...! na parou..ainda vai continuar..bjs

adriana stefens disse...

O espelho já foi título de contos de, pelo menos, dois grandes nomes da Literatura Brasileira: Machado de Assis e Guimarães Rosa. Conta a mitologia que Narciso mergulhou na própria imagem ao vê-la espelhada na água.
Intereesante pensarmos sobre o Espelho: ele reflete a imagem, mas que imagem? No conto rosiano a personagem quer reeducar seu olhar para ver a essência mais pura de sua existência. E Toninho Mesquita, o que vê no espelho? Um novo homem! Em uma narrativa construída a partir do fluxo de consciência do poeta, não há enredo e sim impreessões do autor sobre o cotidiano, seu dia: um dia comum, corrido... até que surge sua musa, agente de transformação e marcador de águas. O espelho, neste caso, é profético: revela a mudança que ocorrerá na vida do narrador-personagem.

Toninho, especulações a parte!!! Gostei muito dos textos do seu blog!!! Parabéns!!! E, pessoalmente, desejo-lhe toda felicidade do mundo!!! Que sua história seja linda!!! E que, independente do tamanho do livro, renda histórias intensas, verdadeiras... isso vale a pena!!! O resto... ah, o resto não entra na história!!!

Adriana

adriana stefens disse...

O espelho já foi título de contos de, pelo menos, dois grandes nomes da Literatura Brasileira: Machado de Assis e Guimarães Rosa. Conta a mitologia que Narciso mergulhou na própria imagem ao vê-la espelhada na água.
Intereesante pensarmos sobre o Espelho: ele reflete a imagem, mas que imagem? No conto rosiano a personagem quer reeducar seu olhar para ver a essência mais pura de sua existência. E Toninho Mesquita, o que vê no espelho? Um novo homem! Em uma narrativa construída a partir do fluxo de consciência do poeta, não há enredo e sim impreessões do autor sobre o cotidiano, seu dia: um dia comum, corrido... até que surge sua musa, agente de transformação e marcador de águas. O espelho, neste caso, é profético: revela a mudança que ocorrerá na vida do narrador-personagem.

Toninho, especulações a parte!!! Gostei muito dos textos do seu blog!!! Parabéns!!! E, pessoalmente, desejo-lhe toda felicidade do mundo!!! Que sua história seja linda!!! E que, independente do tamanho do livro, renda histórias intensas, verdadeiras... isso vale a pena!!! O resto... ah, o resto não entra na história!!!

Adriana

Anônimo disse...

Gostei muito do seu texto, muito interessante. É o tipo de texto que prende o leitor... me prendeu, sabia? rsrs parabéns... não lhe conheço, porém pude perceber o grande talento que vc tem. bjs!

Unknown disse...

Te amoo e vc sabe disso não se fassa de bobo viu vou continuar lutando pelo seu amor. bjs taty

Unknown disse...

Meu Poeta

Unknown disse...

Quando me tratas mau e, desprezado,
Sinto que o meu valor vês com desdém,
Lutando contra mim, fico a teu lado
E, inda perjuro, provo que és um bem.
Conhecendo melhor meus próprios erros,
A te apoiar te ponho a par da história
De ocultas faltas, onde estou enfermo;
Então, ao me perder, tens toda a glória.
Mas lucro também tiro desse ofício:
Curvando sobre ti amor tamanho,
Mal que me faço me traz benefício,
Pois o que ganhas duas vezes ganho.
Assim é o meu amor e a ti o reporto:
Por ti todas as culpas eu suporto.

Anônimo disse...

Ola poeta,

Costumo dizer que as pessoas nos surpreendem a medida que nos deixamos surpreender. Pode até parecer um tanto redundante, mas não é. Quando alguém nos interessa de verdade queremos descobrir mais. A minha busca está interessante, a cada texto, a cada detalhe que descubro fico mais e mais interessada. A naturalidade com que as palavras e pensamentos fluem é encantora, inebriante e apaixonante.

Beijos.